“Atualmente, a grande questão é o entulho, não temos lugar para depositá-lo. A Cetesb não dá autorização, as exigências são muitas e não temos área para isso”
Vereador suplente assumindo pela segunda vez o Legislativo de Carapicuíba, Abraão José da Costa Júnior (PT) ocupa a cadeira do ex-vereador Isac Reis (PT) e é o novo parlamentar da Casa de Leis da cidade. Em entrevista ao Diário da Região, Abraão falou sobre as ações que pretende tomar para conquistar recursos e também comentou os principais problemas do município, dentre eles os entulhos despejados indevidamente na cidade.
Durante os dois anos que esteve na Câmara, há algum projeto que o senhor gostaria de destacar?
Não vou lembrar de todos. O que faço é ouvir a população e procurar atender a demanda. Em um bairro, por exemplo, precisava de um conselho municipal de drogas, então nós tivemos a Lei para criar esse Conselho. Também criamos a Lei para isenção de tributos para templos religiosos como umbanda, evangélico e etc. Os templos religiosos são os maiores agentes de inclusão social que temos hoje. É lá que a pessoa chega debilitada, drogada ou com a família destruída, então as igrejas e templos acolhem as pessoas, que usam o templo como um instrumento público, o que seria dever do município. Por isso não acho justo eles terem que pagar tributos. Havia uma Lei Federal que isentava, porém, somente quem tinha terreno próprio; sendo assim criamos uma Lei para as pessoas que também estão com imóveis alugados. Criamos também Lei para ajudar as pessoas com deficiência, criando acessibilidade em alguns lugares, e outros tipos de Lei, assim como indicações também. Este ano pretendemos dar mais forças aos Projetos de Leis. Além disso, a minha equipe e eu estamos pensando em uma alternativa para trazer recursos para nossa cidade. Não só depender do governo.
E já encontram alguma alternativa?
Eu vejo que os deputados estaduais de Carapicuíba foi o primeiro passo, fundamental, que nossa cidade conquistou. Só a conquista desses deputados já vai ajudar muito o município que antes não tinha nenhum representante na Assembléia. Entendo que isso já é um caminho para trazer recursos. O outro é o que estamos fazendo: buscando os deputados federais para trazer verbas e programas. Já temos o Brasil Sorridente, Farmácia Popular e estamos buscando todos os programas federais. No início do mandato tivemos um grande problema porque estávamos inadimplentes com os órgãos federais e estaduais, então todo recurso que chegava, nós tínhamos que devolver. É muito doloroso ver uma cidade que não tinha dinheiro receber verbas e precisar devolver. Outro ponto importante é o nosso Plano Diretor. Ele vai colocar cada comércio e indústria nos lugares devidos da cidade. No setor privado a nossa ideia é dar benefícios às empresas de tecnologia, já que ocupem menos espaço por não termos muita área no município.
Como a Câmara Oeste pode contribuir para arrecadação de recursos?
A Câmara Oeste é fundamental. Vai significar que uma ação que deu certo em uma cidade pode ser utilizada para nós, e o que der certo em Carapicuíba pode ser implantado em outra cidade. É troca de informação e benefício para todos os municípios. Além disso, tem a capacidade de força política. Se a Câmara Oeste chama um governador ou ministro do governo Federal para conversar é uma situação diferente se um prefeito isolado solicitar essa conversa. Quando nos unimos em prol de um objetivo maior, nos tornamos fortes e, com nossa força, conseguimos conquistar muito mais do que individualmente.
Recentemente, o prefeito Sérgio Ribeiro (PT), renegociou a divida da prefeitura com a Eletropaulo, conseguindo parcelar e trazer investimento à cidade. Porém, ainda assim existe muita reclamação sobre a iluminação pública e os serviços prestados no município. Como os vereadores podem agir diante dessa situação?
Nós temos a função de um cidadão comum. Foram quase oito anos de inadimplência, o que gerou uma dívida de milhões de reais e, por outro lado, a empresa contratada não prestava o serviço adequado. Hoje nós retomamos, foi feita a contrapartida como iluminar outros parques e ruas. O importante é que cada morador de Carapicuíba, quando ver um poste que não esteja iluminado, anote o número do poste e ligue para Eletropaulo, a ligação é 0800, sendo assim é gratuita. É importante fazer isso porque, quando reclamávamos com a Eletropaulo, a empresa dizia que não recebia reclamação dos moradores, então a população pode nos ajudar informando quando um poste estiver sem iluminação.
Na sua opinião, qual seria a maior carência de Carapicuíba?
Carapicuíba ficou muito tempo abandonada. Na área da educação acredito que a maior carência são as vagas nas creches, por exemplo, nós abrimos cerca de quatro mil vagas nas creches do município, havia apenas 900 vagas. Porém, mesmo assim, ainda há uma demanda de cerca de 20 mil crianças precisando de vagas. Na área da saúde, acredito que a maior demanda seria no Pronto Socorro. Mas há muitas outras necessárias, como pavimentação de ruas.
A Câmara hoje está fiscalizando o problema do lixo na cidade?
Hoje, a questão do lixo não é só em Carapicuíba. No início do nosso governo nós adquirimos nove carros novos para coleta de lixo, nós tínhamos três e estavam quebrados, dessa forma, no inicio do governo o prefeito foi audacioso e resolveu, naquele momento, o problema do lixo doméstico. O poder público fiscaliza, mas a população também poderia colaborar. Atualmente, a grande questão é o entulho, que não temos lugar para depositá-lo. A Cetesb não dá autorização, as exigências são muitas e não temos área para isso. O cidadão vai fazer uma construção e joga o entulho na porta de casa ou em um lugar público. Quando contrata aquelas caçambas eles fazem a mesma coisa, tiram da frente da sua casa e coloca na minha. Isso é um problema mundial, não tem onde colocar mais entulho. Seria necessário que a Cetesb concedesse a autorização para fazer uma usina de reciclagem. Dessa forma, usaríamos o material reciclado para pavimentar praças e fazer a manutenção da nossa cidade, acho que esse é o melhor caminho, não vejo uma alternativa hoje de onde colocar entulho, porque ninguém quer, mas ninguém sabe onde colocar.
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